Em Festa Infinita, o leitor é convidado a um mergulho no barulhento, colorido e entorpecente mundo das raves – festas de música eletrônica, ao ar livre, com duração de mais de 24 horas. Logo no primeiro capítulo, numa narrativa dinâmica e precisa, é possível presenciar uma rave do começo ao fim, com toda a intensidade da música, com a efervescência das drogas sintéticas e com garotos que se penduram pela pele em bizarras e angustiantes performances masoquistas.
A partir daí, o autor cria um panorama desse movimento contracultural, que apenas no Brasil atrai cerca de 500 mil jovens por mês. No ano de 2007 foram 1.400 festas, promovidas em sítios, praias desertas e clareiras no meio do cerrado. Raves que chegam a reunir 30 mil pessoas em “modernos rituais de êxtase coletivo”.
Para dar contornos a este universo, o repórter entrevistou inúmeros DJs, produtores e aficionados, criando uma trama de perfis que, por meio de casos curiosos, divertidos e até dramáticos, ilustram a história das raves no Brasil e no mundo. Usando técnicas de imersão próprias do jornalismo literário, o autor conviveu intensamente com seus personagens, acompanhou DJs em assustadoras viagens noturnas e em noites de música ininterrupta.
Num ônibus, junto a 40 ravers, empreendeu uma surreal viagem de mais de 30 horas até o interior de Goiás e passou uma semana acampado num dos maiores festivais de música eletrônica do país. No final de 2008, viajou a uma praia deserta no sul da Bahia, onde acompanhou a montagem do Universo Paralello – festa que atraiu 9 mil pessoas para dez dias de sol, drogas e dança. Finalmente, para retratar esse universo da forma mais intensa e realista possível, arriscou-se a experimentar, na própria pele, os efeitos do ecstasy somados à música eletrônica.
O resultado desse processo de imersão é um texto fluido e instigante, que mexe com os sentidos, que expõe o hedonismo descompromissado de parte da juventude atual e que documenta uma faceta da história contemporânea desconhecida para a maior parte da população.
Tomás Chiaverini nos oferece um relato preciso, sensível, humano e cuidadosamente detalhado, ao vivo e em cores, sobre o que acontece nessas festas sem deadline, que enlouquecem não só quem delas participa, mas também os pais e os vizinhos – algo tão chocante e real que mais parece ficção.
Mais do que isso, o trabalho do autor, sempre baseado em fatos concretos e pesquisas em profundidade, cumpre com competência a missão de lançar um brado de alerta sobre a preocupante realidade desse ‘entorpecente mundo’, no qual mergulham de cabeça, quase todos os dias, muitos milhares de jovens em busca de novas – e perigosas – experiências”.
Do prefácio de Ricardo Kotscho
Thomás Chiaverini é jornalista e autor do livro Cama de cimento – uma reportagem sobre o povo das ruas (Ediouro, 2007), onde retrata o cotidiano dos sem-teto na cidade de São Paulo. Como repórter, trabalhou na Folha de S.Paulo e teve matérias publicadas em importantes revistas e sites. Durante todo o ano de 2008, manteve o blog “Antes da Estante”, em que foi possível acompanhar os bastidores da elaboração de Festa Infinita. Até iniciar a apuração deste livro, nunca havia passado perto de uma rave.
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